terça-feira, 12 de junho de 2012

Santo António



E lá vem o feriado municipal de Lisboa, que é dedicado a Santo António. Em homenagem a este santo, o município efectua a palhaçada das casamentos de Santo António, que não passam duma fogueira de vaidades para propagandear a Câmara Municpal de Lisboa (CML) e a seca das marchas populares, que não passam duma cópia ordinária e baratucha do carnaval carioca.


Nunca percebi porque é que o feriado municipal é em honra do Santo António. O padroeiro da cidade é São Vicente (diácono e mártir da Igreja Católica) e antecessor de Santo António. Ainda por cima o Santo António logo que pôde zarpou de Portugal (se calhar seguiu os conselhos do aldrabão do Passos Milongas Coelho para emigrar) e nunca mais pôs cá os pés. Morreu num convento de freiras clarissas, perto de Pádua e foi enterrado nesta cidade. Aliás é referido como Santo António de Pádua. O homem borrifou-se de alto em Portugal, viveu à tripa forra na península itálica e nós... complexados de caca que somos lá andamos a adulá-lo e a adorá-lo. Será porque ele é Doutor da Igreja? Ah, esta nossa veneração aos Senhores Doutores (e também Engenheiros, nem que sejam de cursos domingueiros) depois dá sempre merda.





Ele não era pedófilo, pois não?



O São Vicente, que é o verdadeiro padroeiro de Lisboa, anda pelas ruas da amargura o coitado. Ainda por cima ele tem, entre os seus atributos representativos, a caravela e o corvo e também está ligado à fé afonsina na conquista de Lisboa aos mouros. Mas ninguém lhe liga nenhuma.



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Os casamentos de Santo António foram uma invenção do tempo do "Botas", para os riquinhos com muita caridadezinha e peninha dos pobrezinhos casarem uns quantos casais de "mijas nas escadas" com a benção da padralhada e aparecerem nas fotos dos jornais. Era uma acção de propaganda abjecta do antigo regime que manipulava e se aproveitava da pobreza das pessoas. Ah, já me esquecia... na altura, elas tinham que ser virgens. Se queriam ganhar uma torradeira ou um ferro de passar eléctrico só podiam levar na bilha. Na anilha nada feito. Havia vistoria médica e.. rua, para dar lugar a outra.  


Nos "anos da brasa" esta fantochada acabou (e muito bem) mas, em 1997, a CML como estava cheia dinheiro (como sempre) e não sabia o que mais havia de fazer para gastá-lo (como sempre) resolveu recriar os casamentos antonianos, com novas alterações (por exemplo: as gajas já não precisavam de serem virgens e os gajos já podiam levar no cu e também não era preciso serem pobres).


E já agora queria ver o casamento de Santo António com paneleiros dentro da Igreja, aos beijinhos e o padreco a benzer e a dizer: "declaro-vos marido e marido". Até dava o cu só para ver (o Diabo é se depois ficava a gostar. Que se lixe, também na minha idade...). Mas não... não corro esse risco. Essa história do casamento das bichonas a Igreja nunca aceitará.





(Imagem colhida de: randonprecision.blogspot.com)




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E as marchas populares, que são a nossa "riodejaneirolyood", também nasceram no tempo do "Botas". Inventam-se bairrismos bacocos que já não existem, distribuiem-se umas sardinhadas e vinhaças ao povoléu (que também é bacoco), ensaiam-se uns passos de marcha com as músicas muito parecidas umas com as outras (e também parecidas todos os anos) e... "tá feto, Manel" que o povo quer é "panem e circem". O sacripanta do "Botas" é que a sabia toda. 

Se não fosse por toda uma economia regional que as marchas movimentam...



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